A privacidade que a Google e Apple apregoam não abrange as notificações, que têm sido utilizadas para espiar utilizadores de forma secreta.
Embora as plataformas e serviços que se preocupam com a privacidade dos utilizadores e clientes estejam, cada vez mais, a adoptar sistemas de encriptação E2E (end-to-end), de modo a que, mesmo na eventualidade de ser forçadas pelas autoridades a ceder informação, não haja informação compreensível que possa ser fornecida. No entanto, ao estilo dos metadados que revelam que números de telefone efectuaram chamadas para outros números de telefone e qual a sua duração, também as
notificações têm sido utilizadas para espiar pessoas.
A informação constante nas notificações, assim como a de se saber de que apps e quando foram recebidas, pode revelar bastante sobre o utilizador. Por exemplo, alguém que recebe dezenas ou centenas de notificações por dia no Signal, pode ser classificado como um utilizador intensivo do serviço.
A revelação foi feita por um senador nos EUA e, com essa denúncia, tanto a Apple como a Google se apressaram a confirmar isso - uma confirmação que, até ao momento estavam
legalmente impedidas de fazer.
Tanto a Apple como a Google estão forçadas a ceder informação sobre as notificações às autoridades, quando assim lhes é exigido (e seguindo os trâmites legais), e estavam igualmente impedidas de o revelar publicamente. Infelizmente, embora isto agora se tenha tornado do conhecimento público, continua a ser mantido em segredo a dimensão deste tipo de espionagem, não se sabendo se abrangeu apenas algumas dezenas ou centenas de indivíduos, ou se poderá ter sido feito numa escala muito maior, de dezenas de milhares de pessoas ou mais.